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O outro lado do inverno

16.02.2023

Escrito por: Ideias que contam

Os dias já estão a ficar maiores, mas o frio que ainda se faz sentir, sobretudo de manhã, não engana. Apesar de estarmos no inverno, há sempre bons motivos para sair de casa e viver esta estação. Siga estas cinco boas ideias e inspire-se para viver a vida. 

Chá e bolinhos num café centenário

Para aconchegar os finais de tarde, nada como beber um bom chá, acompanhado de um scone. E a experiência ganha outra dimensão se estivermos num ambiente histórico. E são muitas as opções. 

Em Amarante, o Café São Gonçalo, situado num dos mais emblemáticos lugares da cidade, é um desses exemplos. Pelas suas mesas passaram nomes como o poeta amarantino Teixeira de Pascoaes, devidamente homenageado com uma estátua no centro da sala, e os pintores Mário Cesariny e Cruzeiro Seixas. 

No Porto, é incontornável o Majestic. Aberto desde 17 de dezembro de 1921 – celebrou recentemente o centenário –, passaram pelas suas mesas nomes como Gago Coutinho e José Régio. O café, eleito por muitos como um dos mais bonitos do mundo, mantém todo o seu charme e na ementa está disponível um completo chá à Majestic, servido entre as 15 e as 19 horas.  

Já a sul, e no Chiado, em Lisboa, A Brasileira é outro daqueles lugares simbólicos que nos remetem para outros tempos. Fernando Pessoa e Almada Negreiros eram clientes da casa, numa altura em que esta era o centro de tantas tertúlias artísticas. Aqui, o chá pode ser acompanhado pelo pastel de nata ou por um doce conventual. 
De norte a sul, e também nas ilhas, as informações sobre os cafés históricos podem ser encontradas aqui, num levantamento de Nuno F. Santos e Jorge Simões que não se limitou a listar os mais conhecidos, mas também outros que habitualmente não aparecem nos roteiros. 

Na Rota das Aldeias Históricas

Ir para fora cá dentro. Continua a apregoar-se, mas a verdade é que tantas vezes nos esquecemos das coisas bonitas que temos para ver no nosso país. Há todo um Portugal para descobrir e podemos começar, por exemplo, pelas Aldeias Históricas: Almeida, Belmonte, Castelo Mendo, Castelo Novo, Castelo Rodrigo, Idanha-a-Velha, Linhares da Beira, Marialva, Monsanto, Piódão, Sortelha e Trancoso. Estas 12 podem inspirar uma boa escapadinha de fim de semana, com dias relaxados em cenários que remetem para os tempos medievais, garantindo momentos bem passados. E boas fotos para o Instagram. A paisagem, que no inverno, sobretudo de manhã, ganha todo um outro encanto, é um bom pretexto, mas, em paralelo, há toda uma experiência gastronómica para descobrir em restaurantes mais afastados das grandes cidades, como o Solar dos Pachecos, em Piódão, ou a Taverna da Matilde, em Figueira de Castelo Rodrigo.

Do que está à espera para se fazer à estrada? Pode consultar todas as rotas e programas aqui.

Redescobrir os caminhos de ferro

A 28 de outubro de 2021, no mesmo ano que a Comissão Europeia determinou como o Ano Europeu do Transporte Ferroviário, o caminho de ferro em Portugal assinalou 165 anos. É uma boa deixa para, numa altura em que tanto se fala da necessidade de descarbonizar, partir à descoberta de um meio de transporte sustentável que tantos anos depois ainda tem tanto para dar. 

O ponto de partida pode ser o Museu Nacional Ferroviário, no Entroncamento, aberto de terça a domingo, com um espólio que compreende o Comboio Real, que esteve ao serviço da família real portuguesa, e diversas locomotivas dispostas numa placa giratória original de 1911. Mas o melhor é subir a bordo. 

Duas boas experiências (anote na agenda, pois a procura é grande), como o Comboio Histórico do Douro (entre junho e outubro) e o Comboio Histórico do Vouga, que o leva de Aveiro a Macinhata do Vouga, estão efetivamente reservadas para os dias mais quentes, mas o Comboio MiraDouro circula diariamente, todo o ano, entre as estações de São Bento (talvez uma das mais bonitas estações ferroviárias do mundo), no Porto, e o Pocinho, prometendo uma viagem única, com o rio Douro como cenário magnífico através de janelas panorâmicas, entre a paisagem classificada como Património Mundial. Um programa prometedor e que pode ser complementado com visitas às quintas da região.

Jardins de inverno

Este título é apenas um trocadilho, pois não lhe vamos sugerir (pelo menos por agora) criar uma estufa em casa. Muito pelo contrário, vamos recordá-lo de que os jardins e parques são sempre uma boa desculpa para sair de casa e estar mais próximo do verde. E no inverno têm muito menos afluência do que no verão, garantindo uma comunhão perfeita com a Natureza. três sugestões. 

A norte, os 24 hectares do Parque Ambiental do Buçaquinho, entre Esmoriz e Cortegaça, a apenas meia-hora do Porto, podem integrar um roteiro para toda a família naquele que é considerado um excelente exemplo de sustentabilidade ambiental, já que se situa no mesmo espaço onde, durante 12 anos, se manteve em funcionamento uma estação de tratamento de águas residuais (ETAR). 

No Porto, o Parque de Serralves é um ponto de encontro entre a natureza e a cultura no centro da cidade. Os seus 18 hectares convidam a espairecer, permitindo, simultaneamente, apreciar esculturas da coleção da Fundação de Serralves.
 
Completamente diferente, e no centro de Portugal, o Bacalhôa Buddha Eden, no Bombarral, é um verdadeiro oásis oriental. Na verdade, o maior da Europa. São cerca de 35 hectares que homenageiam a cultura oriental num espaço que foi erigido em protesto contra a destruição dos Budas Gigantes de Bamyan. Ali se encontram budas, estátuas de terracota e peixes Koi num ambiente que remete para a cultura do Oriente. 

A Natureza é sempre uma boa desculpa para sair, sem esquecer que no inverno o casaco é sempre um bom aliado nestas incursões. 

Cultura para aquecer

Nos dias frios e chuvosos, a cultura pode bem aquecer-nos o coração com essa capacidade que tem de nos transportar para outros ambientes. E a exposição “Faraós Superstars” tem precisamente esse poder: convida-nos, até 6 de março, a uma viagem no tempo pelo Antigo Egipto, à descoberta da misteriosa figura do faraó e do seu papel numa das mais fascinantes civilizações de sempre. A exposição, patente no Museu Calouste Gulbenkian, reúne cerca de 250 peças provenientes de importantes coleções europeias, entre antiguidades egípcias, iluminuras medievais, pinturas clássicas, documentos, obras históricas e outras.

Ainda na capital, o Oceanário de Lisboa garante sempre um dia ótimo em família e tem patente uma instalação que nos remete para o fundo do mar. Oito meses de filmagens deram origem a “ONE”, um trabalho de Maya de Almeida Araújo que mergulha nas profundezas do oceano para, com uma mensagem que apela à preservação do mundo subaquático, nos mostrar um mundo que não conhecemos. 

No coração da romântica Sintra, o Palácio Biester abriu em 2022 para desvendar a misteriosa história, repleta de segredos, da família que ali viveu e que lhe deu o nome. Projetado no século XIX pelo conceituado arquiteto português José Luiz Monteiro e decorado pelos melhores artistas da época, nomeadamente, Luigi Manini e Leandro de Souza Braga, entre outros, este chalet é hoje um monumento histórico a descobrir. As visitas são livres ou guiadas (mediante reserva prévia), caso deseje conhecer o passado do Palácio e do Parque Biester de forma mais aprofundada.

Há todo um universo para lá do sofá e o melhor é aproveitar todos os momentos para o descobrir. A estas cinco boas ideias junte as suas e finte os dias de inverno com programas bem quentinhos.

Veja o vídeo: