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Estratégia de Investimento Semanal (5 de Dezembro)

05.12.2022

Escrito por: Bankinter

Bolsas: “Semana de transição à espera da FED, do BCE e da inflação americana. Possível tomada de mais-valias”

A semana passada foi favorável para as bolsas, as obrigações e o euro. Os impulsionadores foram: (i) Powell (Fed), defende maior lentidão nas subidas das taxas a partir de dezembro (+50 pb vs +75 pb?). E apesar de prever que a taxa final seja maior que a esperada (ligeiramente inferior a 5,0%), está otimista quanto a se poder evitar que a economia sofra alguma recessão. Assim, o mercado animou-se com uma tendência mais lenta para as subidas das taxas. Este fim de semana, Villeroy (BCE) mostrou-se a favorável a uma subida de taxas de +50 pb, comparativamente aos +75 pb anteriores, na reunião de 15 de dezembro. (ii) A macro também ajudou, porque possivelmente já testemunhámos o nível máximo dos preços. O PCE nos EUA retrocedeu para o nível mais baixo desde janeiro (+6,0% vs +6,3% anterior) e a inflação europeia (+10,0%, de +10,6%) registou uma moderação. Tudo isto permitiu fechar novembro com a segunda subida consecutiva mensal nas bolsas. O mercado está a estabilizar e estas melhorias são reflexo disso.


:: Esta semana terá intensidade reduzida, tanto na frente macro como na frente empresarial. É uma semana de transição, mas com um fundo de mercado mais estável.


Esta semana é pouco relevante em termos da macro. Na Europa destacam-se as Ventas a Retalho, a Confiança dos Investidores Sentix, o PIB 3T (final) e os PMIs de Serviços e Compostos (final). Nos EUA publicam-se as Encomendas à Indústria, a Balança Comercial e o Indicador de Confiança da Universidade de Michigan. Mas o mercado concederá relevância reduzida a estes dados, e estará concentrado nas informações verdadeiramente importantes que conheceremos na próxima semana: a reunião da Fed e do BCE e os dados da inflação, tanto na Europa como nos EUA. Ambos os bancos centrais subirão as taxas, mas de forma mais suave (+0,50%?), devido à moderação da inflação e por quererem estar verdadeiramente confiantes do impacto real da política monetária, algo que não tem um efeito imediato. Esta semana o petróleo sofrerá uma elevada volatilidade. Ontem, a OPEP (ver Contexto) decidiu manter a oferta de crude, o que na prática implica uma forte redução (-2Mbd; -2% oferta global). Além disso, hoje iniciam-se a proibição de entrada do petróleo russo por via marítima na Europa e a proibição de garantir embarcações petroleiras que transportem petróleo russo para outros países acima dos 60 USD (cotação do Brent nos 85,6 USD).
Por coerência, o razoável será que o mercado viva uma semana de transição ou de ligeiras tomadas de mais-valias. A confirmar-se esta previsão, poderá ser uma boa oportunidade de compra a preços mais atrativos para tomar posições em 2023, ano que estimamos vir a ser positivo para as bolsas e as obrigações. Tudo isto ocorre num contexto em que o mercado se estabiliza e os riscos começam a recuar: os bancos centrais moderaram a agressividade nas subidas de taxas, os níveis dos preços começaram a moderar, o emprego não só resistiu como melhorou (Taxa de Desemprego nos EUA nos 3,7% e Criação de Emprego Não Agrícola, publicada na sexta-feira, a subir +263K), a China recuou nas políticas anti-Covid (apesar de o número de casos ter subido fortemente esta madrugada), os indicadores macro europeus começaram a recuperar e as matérias-primas moderaram a sua subida. Por último, apesar de os lucros empresariais serem afetados por este contexto, a temporada de resultados do 3T 2022 termina num tom melhor que o esperado: o aumento médio do lucro por ação das empresas do S&P500 foi de +4,6% vs os +2,7% estimados inicialmente.

Obrigações: “Powell desata demasiado otimismo”


A yield das obrigações afasta-se dos máximos –10 A nos EUA <3,60% vs 4,20% em outubro e Bund <1,85% vs 2,50% – porque: (1) Powell/a Fed está propensa a tirar o pé do acelerador e o mercado entende que só faltam 2 subidas de taxas de 50 pb (14 dez e 1T 2023) e (2) a Inflação começa a recuar, finalmente! – o PCE dos EUA recuou para os +6,0% em outubro vs 6,3% anteriores e o IPC da UE (novembro) para os 10,0% (vs 10,6% anteriores). Mesmo assim, é recomendável ler nas entrelinhas da mensagem de Powell: (1) o nível das taxas objetivo e o tempo em que deverão permanecer elevadas são mais importantes que o ritmo; cuidado com a revisão do quadro macro!, (2) a direção da política monetária não se altera taxas altas até 2024? Cuidado, porque o mercado prevê baixas de taxas no 2S 2023! Por fim, a yield atual subestima os riscos; Inflação rígida? Intervalo (semanal) estimado obrigações do tesouro americanas: 3,58%/3,85%. Intervalo (semanal) estimado yield do Bund: 1,78%/1,95%.

Divisas: “Compasso de espera antes dos bancos centrais”.


EuroDólar (€/USD).- Na semana passada continuou a recuperação do euro. Declaração de Powell antecipam a moderação do ritmo das subidas pela FED. Entrámos numa semana com menos referências e que deverá ser mais lateral para o câmbio, consolidando os níveis alcançados, à espera das reuniões de ambos os bancos centrais em dezembro (14/15). Intervalo: 1,048 – 1,062. EuroLibra (€/GBP).– Semana sem referências macro relevantes no Reino Unido e que representará por esse motivo um compasso de espera até à reunião do BoE a 15 de dezembro. Assim, até essa data o mais lógico será testemunhar movimentos reduzidos na divisa. Intervalo estimado (semana): 0,845/0,871. Euro-Franco suíço (€/CHF): Semana de baixa intensidade macro que manterá a tendência de desvalorização do franco. O importante acontecerá a 15 de dezembro, com as reuniões do BCE e da SNB. Preveem-se subidas de +50p.b. e de +75p.b., respetivamente. Intervalo estimado (semana): 0,975/1,000. EuroYen (€/JPY).– Referências macro escassas durante a semana, tanto no Japão como na Europa. Desta forma, e sem intervenções por parte dos bancos centrais, esperamos um movimento lateral do câmbio. Intervalo estimado (semana): 140,9/144,6. EURCNH (€/CNH).- Semana de inflação na China, que se espera que reduza na sexta-feira. Seria a segunda queda consecutiva e demonstraria que o pior já passou. O Yuan deverá valorizar-se. Intervalo semanal (estimado): 6,75/6,90.