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Estratégia de Investimento Semanal (28 de Novembro)

28.11.2022

Escrito por: Bankinter

Bolsas: “Menos inflação, com emprego resistente, num contexto de riscos em baixa. Teremos de verificar....”

A semana passada foi sincronizadamente favorável para Wall St. (S&P500 +1,5%), para as ações europeias (ES-50 +1%) e as obrigações, mesmo com a sobre-reação favorável das obrigações, cujas yields desceram mais do que seria razoável tendo em conta que os bancos centrais vão continuar a subir as taxas durante grande parte de 2023, embora provavelmente de forma menos agressiva do que era esperado há algumas semanas. Mas uma yield das obrigações do tesouro americanas abaixo de 4% (cerca de 3,75%), a do Bund inferior a 2% (cerca de 1,95%), a das obrigações a 10A espanholas longe dos 3% (cerca de 2,9%)… parecem otimistas. O mesmo não acontece com o avanço das ações, mais progressivo e apoiado tanto por uma redução do risco percebido como pela própria descida das yields das obrigações (taxas de juro mais baixas favorecem as avaliações das empresas), além da perceção e que a macro europeia atingiu o seu pior momento e recupera lentamente.

Na semana passada foram publicados na Alemanha - a economia proporcionalmente mais afetada pela invasão da Ucrânia - tanto um IFO Clima de Negócios como uma Confiança dos Consumidores em recuperação (86,3 de 84,5 e -40,2 de -41,9, respetivamente)… além de um PIB do 3T de 2022 revisto em alta (+1,3% vs +1,2% preliminar). Isto, aliado a resultados corporativos resistentes, continuou a apoiar as bolsas que, perante a dúvida, recuperaram.

:: Para esta semana, remissão da inflação, com emprego resistente, num contexto de riscos cuja descida se vai confirmando aos poucos.
Entre terça e quinta-feira serão publicados indicadores de preços na Europa e nos EUA (inflações e Deflator do Consumo, respetivamente), que deverão recuar, mostrando assim que os valores máximos já ficaram para trás. O mais importante será a estabilização das taxas subjacentes em cerca de +5% em ambas as áreas geográficas, porque isto reduziria a escala do problema dos preços. E isto deverá vir acompanhado de taxas de desemprego sem deterioração: estabilizada nos 6,6% na Europa e em cerca de 3,5%/3,8% nos EUA (espera-se uma repetição dos 3,7%), embora com uma Criação de Emprego Não Agrícola mais modesta (cerca de 200k vs 407k de média até out. de 2022). Esta seria uma combinação quase perfeita: recuo da inflação e emprego resistente. Com este desfecho, tanto a Fed como o BCE poderiam subir 50 p.b. em vez de 75 p.b. a 14/15 de dez. Caso isto aconteça, as bolsas deverão continuar a avançar lentamente, perdendo o medo aos poucos.

Obrigações: “Realidade ou excesso de confiança?”


As obrigações estão a viver um dos poucos bons momentos do ano - yield das 10 A nos EUA <3,75% e Bund alemão <2,0% – porque: (1) a Fed defende flexibilizar o ritmo das subidas das taxas de juro (+50 p.b. a 14 de dez. vs +75 p.b. ant. ?), (2) os preços da energia descem –Brent <90$/barril e -58% desde valores máximos no preço do gás europeu – e (3) a Inflação começa a recuar (IPC nos EUA e Preços de Produção na UE). Nós não baixamos a guarda porque: (1) os conselheiros da Fed são céticos sobre a evolução dos preços, (2) o BCE tem receio dos efeitos de segunda ronda/pressões salariais e Schnabel não prevê uma mudança rápida para melhor no IPC. Esta semana, a Inflação (IPC na UE e PCE nos EUA) e o Emprego americano são o foco de atenção, mas Powell (quarta-feira) vai definir o rumo. Intervalo (semanal) estimado obrigações do tesouro americanas: 3,68%/3,80%. Intervalo (semanal) estimado yield do Bund: 1,90%/2,10%.

Divisas: “O principal serão os dados dos preços. Euro apoiado.”


Euro-Dólar (€/USD).– A revisão em alta das previsões da OCDE, os PMIs melhores do que o esperado e as Atas da Fed dovish servem de apoio ao Euro. Esta semana, o ponto-chave serão os indicadores dos preços, que deverão diminuir em ambas as regiões, e o emprego americano. Estes não deverão surpreender, o que deverá manter o apoio ao Euro. Intervalo estimado (semana) 1,025/1,045.
Euro-Iene (€/JPY).– A referência desta semana é a Taxa de Desemprego do Japão, que se deverá manter em níveis baixos, o que poderá fortalecer ligeiramente o Iene, embora com um movimento lateral. Intervalo estimado (semana): 142,7/145,0.
Euro-Libra (€/GBP).– O IPC europeu será o centro das atenções. O primeiro recuo esperado na taxa geral desde junho de 2021 (+10,4% YoY esp. vs +10,6% ant.), aliado à queda da taxa subjacente (+4,9% esp. vs +5,0% ant.), deverão apoiar o Euro. Intervalo estimado (semana): 0,856/0,870.
Euro-Franco Suíço (€/CHF).- É previsível que o IPC da Suíça se mantenha nos 3%, elevado mas em níveis mais razoáveis que os da UE (10,4%), o que poderá gerar divergências na política monetária. O Franco poderá perder algum terreno. Intervalo estimado (semana): 1,00/0,977.
EUR-CNH (€/CNH).- Esta semana, o Yuan deverá desvalorizar. Semana de PMIs na China, que deverão recuar e manter-se em zona de contração. Na Europa, veremos uma queda da inflação e a solidez do emprego. Intervalo semanal (estimado): 7,50/7,55.