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Diretor da Bankinter Gestión de Activos traça perspetivas para 2023

29.12.2022

Escrito por: Bankinter

“Em 2023, antecipa-se um enquadramento macroeconómico igualmente desafiante, com crescimento económico mundial positivo, mas abaixo do seu potencial”, prevê o Diretor da Bankinter Gestión de Activos num artigo publicado esta semana na Fundspeople. Para José Miguel Calheiros, o crescimento será assente e dependente da resistência da economia norte-americana a taxas de juro mais elevadas e da retoma da economia chinesa e das economias emergentes, sobretudo asiáticas. O responsável refere que a “economia europeia deverá entrar em recessão técnica já no final de 2022”, fruto dos impactos da guerra na Ucrânia e da subida das taxas de juro, cenário com o qual devemos conviver durante todo o primeiro semestre de 2023. E aponta dois fatores a observar no início de 2023 e que podem potenciar, pela positiva ou negativa, o crescimento económico e o desempenho dos mercados financeiros: 
 
a rapidez com que as taxas de inflação, em particular a norte-americana, convergem para valores mais “normais”, com consequências diretas no nível da taxa de juro terminal deste ciclo e no período de tempo a que permanecem a esse nível;
o relaxamento/abandono da política COVID zero na China, permitindo uma recuperação da atividade do consumidor chinês, com impacto indireto positivo nas economias do Sudoeste Asiático e na Zona Euro, um dos blocos que mais exporta para a China.
 
Depois de 2 anos marcados por uma sucessão sem precedentes de eventos conjunturais (“stop/start” dessincronizado da economia global e consequente disrupção nas cadeias de abastecimento, guerra na Ucrânia e impacto brutal no preço das matérias-primas básicas, como o petróleo, gás natural, milho e trigo), em grande parte, responsáveis pelos aumentos inéditos dos preços dos bens e serviços no último ano, “é de esperar uma forte correção dos valores da inflação nos próximos 12 meses”, antecipa o Diretor da Bankinter Gestión de Activos. “Não só muitos dos constrangimentos do lado da oferta de bens e serviços estão hoje sanados, como os preços das principais matérias-primas corrigiram grande parte do movimento ascendente registado em 2022, com principal destaque para o petróleo”. No entanto, a médio prazo, é de esperar que as taxas de inflação, em termos globais, estabilizem em níveis mais elevados dos que se registavam antes da pandemia, fruto:
 
das lições que a pandemia de COVID e a guerra na Ucrânia vieram dar aos responsáveis políticos e empresariais (mais garantias de fornecimento ininterrupto e seguro de matérias-primas e componentes críticos à atividade económica em detrimento de melhor preço);
de um ritmo mais rápido na migração de um paradigma de crescimento económico assente nos hidrocarbonetos como fonte de energia para outro em que as energias renováveis assumem papel central, algo que vai ter um preço mais elevado, pelo menos, na próxima década.
 
José Miguel Calheiros considera que as obrigações de empresas Investment Grade em EUR nas maturidades intermédias da curva, entre os 3 e os 5 anos, são o investimento com melhor rácio retorno/risco para 2023, dado o atual nível das yields a que transacionam, sem paralelo na última década. No que diz respeito às ações, o Diretor da Bankinter Gestión de Activos prevê que se venha a manter “volatilidade elevada nos próximos meses”. Os múltiplos de mercado estão muito mais baratos, o que, num cenário de estabilização das taxas de juro reais de longo prazo, permite antecipar potencial de valorização, “mas tudo vai depender da evolução dos lucros por ação das empresas e do impacto que vão sofrer em virtude da desaceleração do crescimento económico em 2023”, afirma. Em termos geográficos, José Miguel Calheiros aponta a preferência para ações do Reino Unido, considerando que um enviesamento value poderá permitir a geração de retornos positivos.
 
Quanto aos riscos, o Diretor da Bankinter Gestión de Activos prevê que os que dominaram a agenda de 2022 e que, em boa medida, se materializaram, continuem a condicionar a evolução dos mercados nos próximos trimestres, nomeadamente:
 
- nova subida das taxas reais de juro de longo prazo, motivada por um recrudescimento das taxas de inflação nos países desenvolvidos, em particular nos Estados Unidos e na Europa.
- alastramento da guerra no leste da Europa para além do atual perímetro, envolvendo países da NATO;
- novo surto de COVID 19 na China, obrigando a um regresso às politicas de contenção COVID zero, com impacto muito negativo no ritmo de crescimento económico mundial.
 
Sempre com uma perspetiva de investimento de médio e longo prazo, e tendo em conta o enquadramento de mercados financeiros que antecipa para 2023, José Miguel Calheiros destaca um fundo misto, com maior peso em obrigações, como “a melhor proposta de valor.”