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Celebre connosco o Dia Nacional dos Centros Históricos com uma passagem por sete cidades.

29.03.2023

Escrito por: Ideias que contam

Braga

Chamam-lhe a “Cidade dos Arcebispos” ou “Capital do Barroco”, mas qualquer um dos epítetos, por muito grandioso que seja, não faz justiça a um dos mais ricos centros históricos em território nacional. Da importante urbe imperial romana conhecida como Bracara Augusta, permanecem ainda marcas como a Fonte do Ídolo, as Termas Romanas do Alto da Cividade ou o Arco da Porta Nova, entre outras. Mas é o património religioso, que mais salta à vista, naquela que foi a primeira diocese em todo o território da Península Ibérica, sendo ainda hoje o título de Primaz das Espanhas usado pelo Arcebispo de Braga. Um dos maiores exemplos da riqueza da arquitetura religiosa da cidade é a própria Sé de Braga, a mais antiga de Portugal, sendo toda a zona envolvente igualmente de visita obrigatória, nomeadamente o Rossio da Sé, com os seus bares, restaurantes e comércio local. A Praça do Município, o Jardim de Santa Bárbara, o Palácio do Raio, o Largo Carlos Amarante, a Praça da República, a Rua do Souto ou o Largo do Paço são outros locais obrigatórios de uma animada cidade pedonal, onde ainda predomina o comércio local e cheia de esplanadas. E nos arredores é também obrigatória uma visita aos santuários do Bom Jesus e do Sameiro, ao Mosteiro de Tibães, um dos mais antigos em Portugal, fundado no século XI, ou ao bem mais contemporâneo Estádio Municipal, construído para o Euro 2004 e desde então também atrai muitos visitantes de todo o mundo, que se deslocam à cidade para apreciar o arrojado projeto do arquiteto Souto Moura.

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Aveiro

Há um novo pulsar à volta da ria. Os barracões de pescadores e as velhas fábricas deram lugar a sofisticados bares e restaurantes, galerias de arte moderna e lojas para todos os gostos: do surf ao mobiliário de design. Tudo isto frequentado por uma clientela jovem e cosmopolita que dá um colorido único às ruas da cidade, também conhecida como “A Veneza portuguesa”, devido aos icónicos canais onde ainda hoje navegam os barcos moliceiros por entre as não menos emblemáticas casas de Arte Nova, construídas no início do século XX. Igualmente deslumbrantes são os passadiços que cruzam a ria desde o cais da Ribeira de Esgueira, a cerca de dois quilómetros do centro da cidade. São sete quilómetros de passeio por uma paisagem constantemente em mudança, consoante as marés e a hora do dia. Pode-se caminhar, correr, pedalar ou simplesmente descansar, nos inúmeros bancos dispostos ao longo do percurso, sempre sobre a água, nos quais são reveladas algumas curiosidades, dizeres e costumes locais. Do outro lado da ria, já em direção a Ílhavo, impõem-se também um desvio para visitar as salinas, apreciando o mosaico de marinhas onde é produzido o afamado sal de Aveiro. Um dos melhores locais para apreciar este singular território é o novo Centro Municipal de Interpretação Ambiental, situado no lugar do Moinho, mesmo em frente à marinha da Troncalhada, uma das mais visitadas da cidade, onde, além de diversa informação, o visitante pode apreciar uma vista panorâmica sobre a ria e as salinas, a partir do terraço do moderno edifício.

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Tomar

Junto à Ponte Velha, no bonito Parque do Mouchão, uma série de açudes transformam o rio Nabão num imenso espelho de água onde apetece simplesmente estar, antes de rumar ao famoso Convento de Cristo e Castelo dos Templários, um dos maiores conjuntos monumentais da arquitetura peninsular e europeia, não só pela extensão, mas essencialmente pela duração temporal da construção, que se prolonga desde os primórdios da fundação da nacionalidade, no século XII, até ao dealbar do Portugal moderno. Um dos locais mais emblemáticos deste enorme edificado é a “Charola dos templários”, um dos raros templos em rotunda da Europa medieval, que teve como modelo a basílica do Santo Sepulcro, em Jerusalém. Igualmente emblemática é a janela da Casa do Capítulo, porventura a imagem mais conhecida do Convento de Cristo, em estilo manuelino, tal como o Claustro Principal, mandado construir por D. João III e considerado uma obra-prima da arquitetura renascentista europeia. Há, no entanto, outros “monumentos” da cidade que também merecem ser visitados. É o caso da Casa Matreno e da Casa das Ratas, duas tabernas irmãs, ali bem perto do rio Nabão, que fazem parte da memória coletiva da cidade – especialmente a segunda. Lá dentro, há pipas, velhos depósitos de vinho e estantes com garrafas a perder de vista, todo o ambiente de antigamente, em especial à mesa, com pratos como as iscas, as migas de bacalhau, o cozido, o cabrito ou as burras no forno, sempre antecedidos de pão, queijo e azeitonas. 

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Alcobaça

Segundo a lenda, Alcobaça chama-se assim devido a dois amantes desavindos, Alcoa e Baça, que em tempos imemoriais ali terão chorado um pelo outro. Com as lágrimas, terão formado os rios com estes mesmos nomes, que se juntam ali, nas traseiras do enorme mosteiro, num local coerentemente batizado de Jardim do Amor. Nos muros, existem centenas de pequenos cofres, onde os amantes de hoje podem deixar juras de amor eterno num pequeno papiro, que pode ser adquirido no comércio local, em conjunto com duas chaves. Foi devido à abundância da água que em 1153, por ordem do rei D. Afonso Henriques, aqui foi edificada, junto ao local de confluência dos dois rios, a Abadia de Santa Maria de Alcobaça, à época um dos maiores mosteiros cistercienses da Europa e considerado “o primeiro ensaio de arquitetura gótica em Portugal”. Impressiona não só pela escala e monumentalidade, mas também pelas linhas “límpidas e austeras”, destacando-se espaços como a Sala do Capítulo, o Refeitório, a Sala dos Monges e o Dormitório, todos edificados entre os séculos XIII e XIV. O Mosteiro de Alcobaça foi também um dos primeiros panteões reais em Portugal. Além dos túmulos de D. Afonso II (1185-1223) e D. Afonso III (1210-1279), inclui também o de D. Pedro I (1320-1367), que se encontra mesmo em frente ao da amada Inês de Castro (1320-1355), assassinada a mando do seu pai, o rei D. Afonso IV, e postumamente coroada rainha de Portugal. Os túmulos encontram-se frente a frente, para que, de acordo com outra lenda, o casal se olhasse nos olhos quando ressuscitasse no dia do juízo final.

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Évora

Considerado um dos melhores exemplos de centro histórico português, como se constata pela visível influência do território ultramarino, em especial no Brasil, Évora é uma verdadeira cidade-museu, onde desde a pré-história se cruzam as mais diversas épocas e culturas. Seriam, no entanto, os romanos a torná-la numa das mais importantes urbes imperiais da Lusitânia, a Ebora Liberalitas Julia, da qual ainda restam inúmeros vestígios, destacando-se o Templo Romano, popularmente conhecido como de Diana. Por aqui passaram visigodos e mais tarde os árabes, a quem se deve o traçado sinuoso de alguns arruamentos da parte mais antiga do centro histórico, onde qualquer passeio se assemelha a uma viagem no tempo. Na Idade Média começou também a adquirir uma posição de destaque no Reino Português, sendo inclusivamente local de moradia de vários monarcas e crescendo até aos limites da Cerca Nova, a segunda cinta de muralhas. Nesse período iniciou-se também a construção da Sé Catedral, o primeiro estaleiro do gótico português, estilo que ali se misturou com a herança islâmica, ajudando a criar o chamado "estilo mudéjar", muito popular no sul da península durante os séculos XV e XVI. Mais tarde, com a instituição da Universidade, em 1556, a dimensão cultural da cidade foi ainda mais reforçada, com Évora a tornar-se num dos centros do Renascimento ibérico. Datam desta época as primeiras grandes obras arquitetónicas, que se prolongarão ao longo dos séculos seguintes, numa sucessão de palácios, conventos e igrejas de estilo renascentista, maneirista ou barroco, que justificaram a classificação deste Centro Histórico como Património da Humanidade em 1986.

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Tavira

Atravessada pelo rio Séqua que, debaixo da famosa ponte romana, quando já falta pouco para se encontrar com a Ria Formosa, muda de nome para Gilão, caso único no mundo de dupla personalidade num único curso de água, Tavira espalha-se pelas margens, numa osmose perfeita com a ria, as dunas e as salinas de onde provêm a sua afamada flor de sal. Um quadro que se pode apreciar, por inteiro, desde as muralhas do velho castelo árabe, cujo interior foi transformado em jardim, sobressaindo entre o branco imaculado do casario e os tradicionais telhados em pirâmide da zona antiga da cidade. Nas ruas de Tavira misturam-se vestígios de várias épocas. O castelo coabita, lado a lado, com a igreja barroca de Santa Maria e, a poucos metros, o antigo Convento da Graça, entretanto transformado numa charmosa pousada, é, ele próprio, um resumo da própria história de Tavira, como o testemunham as ruínas islâmicas do século VII a.C., descobertas durante as obras de recuperação. A cidade é, aliás, conhecida pela riqueza do seu património religioso, contando com mais de duas dezenas de igrejas e mosteiros. 

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Angra do Heroísmo

No único centro histórico do arquipélago açoriano classificado pela UNESCO como Património Mundial da Humanidade cruzam-se várias épocas e estilos arquitetónicos, que atestam bem a importância da ilha Terceira ao longo da história, em especial no contexto da expansão ultramarina, quando passou a funcionar como importante base de apoio para as frotas rumo a Oriente e ao Brasil. Por essa razão (e também pelos metais preciosos e especiarias que esses mesmos navios aqui deixavam no regresso), Angra tornou-se o centro político, económico e religioso dos Açores, como se percebe ao deambular por estas ruas, que mantêm intacto o traçado original e onde abundam casas, palacetes, igrejas e mosteiros construídos entre os séculos XVI e XVIII. São muitos os locais de visita obrigatória, como o Jardim Botânico Duque da Terceira, a Sé Catedral, a Igreja da Nossa Sra. da Conceição (séc. XVI), o Castelo de São Sebastião (séc. XVI), a Igreja e Convento de São Francisco – Museu de Angra do Heroísmo (séc. XVIII) e, claro, o imponente forte de São João Baptista, construído durante a regência filipina e considerado uma das maiores fortalezas espanholas do mundo. Durante o passeio, não deixe de conhecer também outro património, o gastronómico, à mesa da Tasca das Tias, cuja ementa inclui também uma vasta secção de petiscos regionais, que atrai uma verdadeira multidão de comensais a esta casa, decorada com grandes fotografias de antigas figuras de Angra do Heroísmo.

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