Blog Bankinter Portugal
Estratégia de Investimento Trimestral 3.ºT 2021
28.06.2021
Escrito por: Bankinter Portugal
"Complacência justificada. Inflação em alta, mas poucas incertezas. O verão e o ciclo melhores do que o esperado."
O mercado em novos máximos históricos é algo complacente, mas trata-se de uma complacência justificada… não irracional.
Pode-se cair na tentação de pensar que o mercado – especificamente as bolsas – está a ser algo complacente, uma vez que os principais índices estabelecem novos máximos históricos, que se consolidam uns atrás dos outros. Mas não é este o caso. O mercado está cada vez mais apoiado por bons resultados empresariais, por um ritmo de reabertura económica mais rápido do que o esperado e muitas vezes subestimado – sobretudo na Europa – umas taxas de juro estruturalmente baixas (ainda que ocasionalmente, mas não imediatamente, possam subir um pouco), uma liquidez disponível como nunca antes na história… e mesmo uma subida da inflação que será temporária e que terá mais vantagens do que inconvenientes.
Indentificamos 3 potenciais riscos, mas apenas as criptomoedas têm carater estrutural.
O que poderia correr mal se algo falhasse? Do que identificamos como os 3 fatores desestabilizadores mais relevantes, consideramos que apenas um deles oferece um risco de materialização que deve ser seriamente tido em consideração… e, apesar disso, estamos otimistas quanto às suas consequências e alcance. Estamos a referir-nos às criptomoedas. Os outros dois são, nesta orderm de risco, a inflação e as suas consequências sobre as taxas de juro e as obrigações e, depois, a possibilidade de uma saída em falso da crise da Covid, quer em termos do ciclo económico e/ou em relação aos resultados empresarias. Mas atrubuímos uma possibilidade muito reduzida a qualquer uma destas se materializar no segundo semestre de 2021. Embora qualquer coisa seja possível a longo prazo, agora vamos limitar-nos ao segundo semestre do ano, que não é pouco.
Os resultados empresariais evoluem magnificamente bem, acima das expetativas.
Mas o importante nestas circunstâncias não é comparar os resultados de 2021 com os de 2020, uma vez que este último ano está absolutamente desvirtuado pelas consequências da pandemia, mas sim comparar 2021 com 2019 para comprovar quando recuperarm os níveis pré-Covid. Isto é o mais importante: saber quando os resultados empresairiais voltam a ser o que eram antes. E a resposta é que isto tem sido o caso desde o 1T’21, e que não só recuperaram os níveis de 2019, como os ultrapassaram. Pelo menos nos 2 principais índices de referência: S&P500 e ES-50.
As valorizações atualizadas das bolsas continuam a parecer-nos suficientemente atrativas e por isso a nossa Estratégia de Investimento continua a ser pró-bolsas.
Sobretudo num contexto em que as suas alternativas naturais de investimento estão sujeitas a fortes incertezas: a procura de ativos imobiliários está a ser redefinida e as obrigações encontram-se inseridas num processo, mais lento ou mais rápido, de subida da yield e, por isso, de quedas de preços. Estamos convencidos de que as bolsas mantêm um atrativo diferencialmente superior a estas duas classes de ativos clássicos. E acreditamos que a tecnologia deve continuar a fazer parte da carteira, de maneira a que setores mais cíclicos sejam incorporados, mas não como substitutos. Estamos agora a entrar numa fase em que precisamos, definitivamente, de ser mais seletivos, optando por nomes concretos em vez de setores como um todo.
Mais importante do que a tecnologia pura é a transformação digital e isso é mais frequente e fácil de encontrar na bolsa americana do que na europeia.
A bolsa americana (S&P500) e a europeia (ES-50) oferecem potenciais de valorização muito semelhantes, cerca de +13% no momento da redação deste relatório, mas mantemos uma ligeira preferência pela primeira, tanto devido à fiabilidade das estimativas sobre os resultados empresariais e a sua capacidade de os superar, como por uma presença superior da tecnologia, que permite que a transformação digital de todos os setores de atividade seja mais rápida. A tecnologia traz a vantagem competitiva da digitalização, assegura a sustentabilidade dos resultados empresariais e estes determinam a evolução das bolsas a longo prazo. Sem ganhos crescentes, não existem bolsas altistas. Tão simples quanto isso.